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A importância da diversidade nos ambientes educacionais
13 de Setembro de 2021A diversidade tem sido um tema aquecido na última década, com impactos refletidos na academia, na política, no tecido social e no mercado de trabalho. A busca por temas relacionados a diversidade como feminismo, racismo estrutural, igualdade de gênero, tem crescido substancialmente. Segundo a Getty Images (líder mundial de comunicação visual), houve um aumento na busca de palavras como diversidade (mais de 133%), cultura (115%), pessoas reais (115%) e inclusão (126%). O termo “inclusão” no Brasil teve um aumento de procura de 366% na plataforma iStock. A Google BrandLab também revelou dados com aumento da busca por feminismo, transgênero e racismo estrutural.
Esse aumento reflete uma mudança cultural principalmente entre as grandes empresas no Brasil, que já estavam dando alguns passos importantes com a criação de programas voltados para diversidade e inclusão. No entanto, em 2020 houve um grande impulsionamento com o caso George Floyd, homem negro morto por um policial em Minneápolis, nos Estados Unidos, que mobilizou manifestações em diversos países pelo mundo. Outros casos de racismo aqui no Brasil envolvendo grandes marcas, além da visibilidade das desigualdades evidências pelo enfrentamento da pandemia também ajudou a impulsionar o tema.
Essa conjuntura elevou o tema para o topo das discussões, e 2021 o tema se torna a grande aposta de prioridade no mercado de trabalho. Empresas que não estiverem atentas às práticas de ESG (sigla que resume compromissos e ações com causas ambientais, sociais e de governança corporativa), podem ter grandes desvantagens, a exemplo do banco Goldman Sachs e da Nasdaq (bolsa de valores eletrônica dos EUA), que declararam critérios de representatividade para a alta liderança de seus clientes. É uma forma de defender o crescimento inclusivo do mercado.
QUAL O RETRATO DA DIVERSIDADE NAS IES?
Diversidade em seu próprio significado é bastante abrangente, ou seja, deve contemplar uma série de características para ser diverso. Quando o assunto é sociedade precisamos considerar a ausência que temos no Ensino Superior de grupos minoritários e minorizados, como povos indígenas, pessoas Trans, pessoas com deficiência, negros, refugiados, entre outros.
Essa desigualdade ocorre por conta do racismo estrutural – ou seja, em nossa sociedade o racismo é uma regra e não uma exceção, e está totalmente estruturado nas relações de poder entre pessoas brancas e negras, que refletem em vantagens econômicas e sociais para pessoas brancas e uma série de desvantagens para pessoas negras.
Para resolver este grande problema, duas principais alternativas que tem se mostrado eficazes são as ações afirmativas como os programas Prouni e Sisu, e as cotas que reservam as vagas para estes grupos. Desde a criação da legislação de cotas (Lei no 12.711/2012), por exemplo, houve um crescimento de 29% para 36% nas universidades federais entre pretos, pardos e indígenas, apenas nos três primeiros anos. Nas universidades públicas, esse número já supera a quantidade de alunos brancos com 50,3% em 2021. Entretanto, no Ensino Superior privado até 2018 esse número alcançou 46,6%, ou seja, cerca de 10% abaixo do esperado quando comparado com a expressão de 56,2% da população no Brasil composta por pessoas negras.
Ainda que estes avanços sejam de extrema relevância, há uma grande dificuldade com a permanência no Ensino Superior e na renda de pessoas negras que ainda gira em torno de 30% menor quando comparado com pessoas brancas, segundo um estudo da Catho.
Pessoas trans
Outro dado importante é o aumento das solicitações de uso de nome social por travestis e transexuais para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que é a principal forma de ingresso no Ensino Superior brasileiro. Em 2020, foram 2.184 candidatas e candidatos que fizeram essa solicitação, o que representa um aumento de 450% em relação a 2019. É fundamental ressaltar que apenas 0,02% dessa população encontra-se no Ensino Superior. Os desafios para a melhora deste índice ainda estão na educação formal, ou seja, na conclusão do ensino fundamental e médio, em meio a conjuntura de exclusão e violência que esse grupo enfrenta no Brasil. Lembrando que o Brasil é o país número 1 que mais mata pessoas trans no mundo, de acordo com a ONG Transgender Europe (TGEU), que monitora 71 países.
PCDs
O cenário de pessoas com deficiência no Ensino Superior também teve avanços importantes de acordo com o Censo da Educação Superior (2018/Inep): um aumento de 113% no número de alunos com deficiente no período de 2009 a 2018. Esse crescimento, no entanto, ainda se revela lento e insuficiente para alcançar equidade de oportunidades, pois este número ainda representa 0,52% do total de matriculados em 2018. A reserva de vagas no Ensino Superior veio somente em 2016, posteriormente a de pretos, pardos e indígenas. Entre as dificuldades a serem superadas estão as condições de permanência, a acessibilidade e infraestrutura. Felizmente, o grupo Cogna Educação possui em todas as IES acessibilidade para pessoas com deficiência, além do Núcleo de Acessibilidade, Inclusão e Direitos Humanos (NAID) – responsável por providenciar recursos e serviços de acessibilidade para estudantes da educação especial nas faculdades Unopar. A Companhia ainda conta com oito cursos sobre diversidade, para capacitação de professores e demais colaboradores, com mais de 50 mil certificações.
QUAL O CAMINHO PARA AUMENTAR A DIVERSIDADE?
São muitos os caminhos para fortalecer a presença da diversidade no Ensino Superior: desde ampliar ações afirmativas para a entrada até programas que possam auxiliar na permanência desses grupos. Mas um ponto primordial e ainda pouco explorado é a inclusão contemplar a gestão desses espaços acadêmicos. A presença de diversidade por si só não transforma uma cultura sozinha, se os espaços que pensam a educação, fazem a gestão, tomam decisões e distribuem recursos, não possuem cadeiras ocupadas por essa diversidade, dificilmente nós teremos grandes avanços necessários e na velocidade necessária. Pesquisas que analisaram o desempenho no mundo corporativo, demonstram que a presença de diversidade nas equipes gera inovação, pluralidade de ideias e aumento de renda. Além disso, para garantir a inclusão de forma a construir um ambiente seguro para todas as pessoas, o letramento e capacitação de professores e todos os colaboradores que contribuem para a jornada do aluno desde o ingresso até o egresso, é fundamental.*
Daniel Amâncio de Oliveira é graduado em Psicologia, pós-graduado em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira. Também é Ativista de Direitos Humanos e estudante dos temas de gênero e sexualidade humana. Atualmente, trabalha como Analista de Gente e Cultura na Cogna.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Cogna Educação. O conteúdo é de responsabilidade exclusiva do autor.
Dica de Leitura:
Inclusifique – Stephanie K. Johnson – (Editora Benvirá)
Quase toda empresa hoje em dia prega aos gestores a importância de criar um ambiente diversificado e inclusivo. Mas como conseguir isso? Como garantir que todos possam demonstrar sua individualidade e, ao mesmo tempo, sentir que de fato pertencem à empresa, fazendo parte de um time coeso?
A resposta, segundo Stefanie Johnson, é: você deve inclusificar. Diferentemente de diversificar ou incluir, inclusificar implica um esforço contínuo para ajudar equipes diversificadas a se sentir engajadas, empoderadas, aceitas e valorizadas. Afinal, não adianta ter diversidade se as pessoas se sentem excluídas. Aqui, ela mostra os erros mais comuns das empresas ao criar seus times e fornece estratégias práticas para ajudá-las.