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Acesso à educação transforma a vida de pessoas privadas de liberdade

18 de Maio de 2022

De acordo com o Levantamento de Informações Penitenciárias do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), com dados de junho de 2021, há mais de 800 mil pessoas com alguma privação de liberdade no Brasil

Fundação Pitágoras

Essa é a premissa da Associação de Assistência aos Condenados (APAC), que, desde 1974, atua pela recuperação e reintegração social de pessoas privadas de liberdade, e é uma das iniciativas apoiadas pela Aliança Brasileira pela Educação (ABE).

Segundo Maria Aparecida Lima, responsável pela área de educação e profissionalização nas APACs, “a rotina dos recuperandos é idêntica a de um cidadão livre: eles aprendem o verdadeiro valor da vida em liberdade, com direitos e obrigações, que são os pontos norteadores de uma convivência social harmoniosa.”

Entretanto, ainda falta um tanto para que o mercado de trabalho e a sociedade em geral enxerguem o potencial da justiça restaurativa. O preconceito ainda é um obstáculo significativo para a reinserção social: “A receptividade é de desconfiança por não conhecerem o trabalho”, revela Maria Aparecida.

É quando o acesso à educação entra em cena e ganha um papel fundamental na transformação da consciência – tanto do ex-detento, quanto da sociedade.

E, a fim de contribuir e promover essa mudança de realidade, a Aliança Brasileira pela Educação e a Fundação Pitágoras, em parceria com as APACs, oferecem bolsas de estudo integrais nas faculdades do Grupo Kroton para privados de liberdade e egressos do sistema prisional, que têm a oportunidade de estudar e aumentar suas possibilidades de reintegração social.

Em 2021, a primeira turma de bolsistas se formou. E os depoimentos de alguns dos alunos comprovam o impacto positivo provocado pelo acesso à educação.

Fonte da Imagem Destaque: Getty Images


É no que acredita Ana Paula, que faz parte da primeira turma de formandos da APAC de São João Del Rei, em Minas Gerais.

“Existe a discriminação com pessoas privadas de liberdade. E a graduação é um diferencial muito grande, no mundo profissional e no meio social, porque mostra a recuperação”, afirma Ana Paula, agora Tecnóloga em Serviços Jurídicos Cartorários e Notariais.

Para Custódio, que, como Ana Paula, se formou em Tecnologia de Serviços Jurídicos Cartorários e Notariais por meio do trabalho da APAC em parceria com a ABE, a importância do ensino vai além dos recuperandos: “A educação é necessária na formação de qualquer cidadão”, afirma, certeiramente.

“Com a graduação, novas portas se abrem, você passa a ser visto com outros olhos pela sociedade”, explica, satisfeito.

Alex, recuperando da APAC, escolheu o Superior de Tecnologia em Empreendedorismo e encontrou forças e conhecimento para realizar um antigo sonho: quer montar seu próprio negócio.

“Já tinha esse sonho, mas não tinha nenhuma formação. Eu não tinha nada e, hoje, tenho um curso. Agora, posso dar orgulho para minha mãe”, diz, com a esperança renovada.

O recuperando Jakson, que também cursou Tecnologia em Serviços Jurídicos Cartorários e Notariais, considera que, além de conhecimento, o acesso à educação proporciona dignidade.

“É a chance de ser tratado com mais respeito e menos preconceito; ser reconhecido como um homem ressocializado e não mais um criminoso”, elucida.

Alexsandro agarrou a chance oferecida pela APAC em parceria com a ABE e, como Alex, se formou em Empreendedorismo.

“É uma grande oportunidade para mudar de vida e adquirir o conhecimento que nos foi tirado pelas coisas erradas que aconteceram na nossa vida”, diz, feliz.

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